segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Das que esvai, se descaem a carne da cor e da dor

























“Gosto da maneira como posso penetrar seus poros causando dor e infortúnio.” – Foi a frase encontrada em um bilhete, escrita a mão naquele assento do ônibus. Ouço seus gemidos a cada vez que saio de você, porque habitas a escuridão de gritos e sussurros mudos. Até aonde sabemos, sua carne escorre por entre meus tímpanos, e não me sinto habitado de te-la em mim, tão macia como manteiga. Trago ervas com suas cartas velhas.E sugo seus mamilos salgados de cor e amêndoas.Haveremos de ter talvez, dores, cores e sabores feitos dentro de você que não poderei tocá-los.Então, sente e cavalgue em meu órgão carnavalesco de outono sonoro. Estas cartas enviadas por mim a mim mesmo, já não fazem a cobrança persuadir em dor. Venha, vamos nos ingerir em vermelho furta cor, até que o dia não amanheça entre nossos dedos.

Há de ser, talvez a madeira que escoa entre seus gélidos e cálidos dentes! Você sabe ler cálidos? Eu não, mais…Estar aqui talvez, é estar do outro lado do espelho, morto. Soa clichê quando a sinto mastigar-me a carne que falta em mim, debitada e debilitada em contas. Estamos vendendo suas velhas botas, para que não mais caminhe entre meu caminho ou por ele!Para que serviria as janelas, dentro das janelas cegas dos seus olhos, se não há mais você dentro delas? Para sentir seus lábios molhar selos de cartas que nunca chegarão após minha ausência de mim. Devolva os pássaros que enviei mortos para que consumisse todo o ar que ausentaram suas asas, e assim, será apenas um anjo de louça mal pintado emoldurado, e vivendo dentro de geladeiras velhas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

é... desista!













Espero que você não leia isto quando estiver bêbada assim como eu estou bêbado agora...

Estou farto de ter obrigações com você, tais como: limpar sua pele, lacear seus sapatos na sua face, estapear seus dentes contra os meus... estou farto, é verdade!

Farto de mim, que não tenho compromissos de mentir quando estou mentindo, e de dizer a verdade quando você compra ossos.

Já te traí tantas vezes que o sol não brilharia na sua janela por anos.
Porque você permite tal coisa?
Você merece bem mais que o seu dinheiro pode comprar, bem mais...
Não tente me entender, é clichê, eu sei, mais não tente...
Enquanto, procuro corpos pra transar, você encontra maneiras de tentar me convencer que sou o suficiente para que seus avôs podem aceitar.

Me dê as mãos, vamos dilacerar nosso copos em corpos de plástico de manequins!
Me dê as mãos, vamos assaltar carros nos ferros velhos da vida!
Me dê as mãos e não vamos transar esta noite!

Então, a ouço fazer mímica com os olhos dizendo: - Que jamais pensei que pudesse ter tal coisa, com tão pouco tempo de câncer. Porque me acaricia tanto, como se eu fosse feita de vidro? Está me polindo meu bem? -

Respondo: - Atrasei para o seu encontro, aquele funeral absurdo que fizeram na 5º avenida, sabe? Então, meus pés pararam de funcionar em plenos pulmões da chuva, não tinha como mandar secar flores no microondas para você, foi indo, desisti... Sabe? Desisti! Simples como telegramas póstumos para coveiros velhos! Morreu como deveria morrer! (fecha aspas).

Aquela química, que nós tínhamos, eu a cheirei no bolso da sua calça velha, aquela mesma que tirei quando transamos pela primeira vez em cima das cartas velhas de um presidiário, morto por cortar sua própria língua.

Seja bem vinda a chuva do deserto!

quarta-feira, 2 de março de 2011


















Então... Depois de dirigir e digerir fui a um grande mercado, na minha cidade mesmo, próxima ao setor que moro. Aquele lugar cheio de mercadorias tão nulas e proventos de imundice alheia do consumo próprio ou sexual!
Cansei!
Esperei horas para encontrar uma linha reta que me levava a aquele lugar central com disfunções eretas...
Achei uma vaga do lado de um pedinte, esses seres brotam do chão?
Não é o meu papel nutrir seu vício por trocados velhos ou moedas que não cobrem nem o valor do metal se ofertadas.
Chega dessa linguagem chula de porta de bares fracassados...
Vamos o que interessa...
Cala a boca, sua vadia! - eu disse em minha mente quando vi aquela obesa de 150 kg de pura massa preenchida por uma mesmice comum das pessoas que não transam...
Ela não parava de falar no telefone quando passei em uma prateleira que vendia artigos para recém nascidos...
Sim, admito eu gosto de ouvir conversas alheias, é um exercício mental para se pensar que sua vida não é pior como pensa ser, admitindo que é um fracassado total!
Ela se virou em minha direção e me fitou como se eu fosse roubar um pedaço de carne dos seus seios famigerados por sucção analítica do seu marido brocha...

Não, filha, não quero isso... - pensei em resposta!

Decidi sair logo daquele lugar - mais que merda eu fui fazer caminhando por ali?
Nada! Diversão... Diversão ...
Divertir olhando prateleiras sem vontade de consumir nada?
É, aquela velha história de arranjar algo para se entreter quando até as tentativas de suicídio deram erradas...

É eu sei que você deve estar pensando que sou um idiota, sim, eu devo ser!
Feliz agora?
Agora volte a brincar com seu órgão sexual mal lavado!

Observar as pessoas é uma forma malévola de querer enxergá-las.


E após de colocar no carrinho nada mais que álcool etílico, tabaco tragável, revistas velhas sobre arte, velas, incensos...

Reparei como há senhoras distintas e algumas pessoas aproveitando as promoções da carne.
Reparei também que havia uma senhora carregando plantas, muitas plantas em seu carrinho, parece que ela ia enfeitar um túmulo... Um túmulo que se compara a uma geladeira, vazia do nada, cheia de fome, amplificada para contextualizar seu sexo fracassado perdido e inalado...

Foi aí que ouvi alguns gritos... Vindo de que raios de sessão deveria ser alguma sessão alimentícia, essas pessoas só vivem para comer, dormir, transarem, comer, dormir, cheirar, injetar, dormir, comer, acordar, dormir, comer, dormir, acordar, comer, acordar...

Algumas pessoas, gritaram: "socorro, assassino, ladrão...” outras correram, e eu?
Eu, bem... É... Fiquei ali parado, porra, eu não matei ninguém, será que posso ao menos ver algum sangue?

Fui correndo de encontro a multidão que corria arrastando-se...
e vi um corpo...
Um corpo lúcido, luz e cheio de morte...
Que vida do caralho..
Ela se foi...
Era uma mulher jovem...
Agora ficou velha, envelheceu ao beber da morte...
Aquele líquido que todos iremos tragar um dia... Em goles grandes ou pequenos, bebericando entre os dedos, escorrendo entre suas bactérias auto-imunes...

Eu deitei ao lado do corpo, como um cão que beija com a língua sua dona morta...
E então eu esfreguei minha língua no chão suado... Lambendo seu sangue...


domingo, 30 de janeiro de 2011

Acorde afogado!


E ... se, todas as pessoas que você vê ao seu redor estivessem mortas?Quando caminha nas ruas, aquelas pessoas que esbarram em você estão todas, mortas, putrefatas além leito terreno! Sabe aquela pessoa que você beijou ontem?Está morta! Toda a saliva trocada com tal pessoa é apenas um muco sem vida, sem cor, viscoso e ácido! Todos os seus poros estão vazios, frios e inertes! Sim, acredite é verdade! Aquela vagina que você penetrou ou que você deixou penetrar, está seca, dolorida, vazia, sem lubrificação e sem vida! Sim, se teve orgasmos, espasmos... saiba que foi em vão, seu corpo não sentes nada, suas entranhas estão sendo ingeridas por vermes, neste exato momento!

Tais vermes que habitaram sua boca durante anos, bactérias que foram adquiridas por ações sexuais ou não, habitam agora todos os seus órgãos internos, e acabaram se tornando seus vermes bastardos!

Não quero imaginar a sua dor psíquica em saber que o que lê agora, é apenas uma velha lembrança vaga, idiota de sua vida! Vida tão cheia de aderente tédio entre o espaço que existia nos seus dentes! Que fome sente? Fome do que exatamente? Chega em um bar pede uma bebida, e deixe-a escorregar por sua garganta, e eu zombo de seu corpo estar morto! Sim, há ainda esta lembrança do gosto amargo e liquido que sua língua mediu como os sete palmos que estão te impedindo de se libertar!

Vá caminhe, corra e respire, por que isso, é apenas uma ação de sua mente, agora morta!

Aquelas pessoas que te olham pelas janelas, estão vivas, e você morto para elas, se entretêm em saber se está nu, se está trepando, o que você come/ingeri, mesmo sabendo que você relativamente não existe para elas! Então posso sugerir que estão mortos dentro de você! Seus olhos já com as retinas cegas, mal espelhadas e descontextualizadas, fora de foco, não enxergam nitidamente, e sim apenas vultos a sua volta! Vultos estes que são fantasmas, e você é um deles!

E se soubesse realmente que você está morto? O que faria? Nada, porque você vivido não fez muita coisa a vida toda, e agora morto, sendo um espectro, só consegue atravessar paredes, assombrar sua velha casa, e ir visitar seus entes queridos que estejam vivos pós-morte, podres abaixo da terra, lacrados por uma caixa de madeira! Aquelas pessoas que você vê nas fotos, são apenas péssimas lembranças, estão mortos! Você lê velhas noticias, porque são as mesmas de um jornal velho e do mesmo dia de 18 de setembro de 1921.

Seus gestos se repetem circularmente todos os dias, você apenas se recorda do que não consegue esquecer, lembranças amargas, doloridas e remoídas, que você nunca perdoará, nem a si mesmo, por que perdoar, corpo sem vida, você não consegue mesmo!

Vá, acenda o cigarro e apague-o dentro do nariz, depois mastigue vidro sem os dentes caídos e então até quando resistirá ao pulso latente do vicio de nunca sentir dor física?

Em três segundos tais palavras lidas, nunca foram lidas, nem escritas!