sexta-feira, 17 de setembro de 2010










































"Morda os dentes debaixo, adormeça letalmente em degelo!

Mergulhe em avenidas cheias de entregadores de pizza!

Compre uma camiseta de sorvete de algodão!"

Era o que havia escrito em um homem placa que morava na minha rua.Pelo o que eu me lembre, a última vez que conversei com ele já era bem cedo.
E então, eu acordei mais uma vez fora, fora de quem eu amo, fora do contexto, fora do sistema bancário.
Abri as janelas de uma casa sem janelas, e vi o sol se escurecer assim como o sangue de quem morreu agora.
Sabe aquele breve e mágico segundo em que o sangue(gelo,pêlo) congela dentro do refrigerador?Eu gosto de assistir esta cena em câmera lenta.

Estava frio aqui dentro, e então eu deixei as gotas lamberem o vidro da minha janela mais uma vez, apenas.
Corri a mão, como se escolhesse um carro novo, pela minha cama, acendi um cigarro e voltei a dormir.

Acordei!
Tão cheio de raiva contra o piso, que adormeci todo o meu corpo do frio, que você havia anunciado (na tevê?).
Quantas notícias belas quando se lê o mesmo jornal inúmeras vezes.
Eu estava tão lúcido que me lembro da minha vizinha levar o cão dela para defecar sexualmente umas duas vezes, a primeira vez: 10:47 e a outra 15:32.

Me lavei: "Não moça, desculpe, eu não uso relógios."
Porque esses cães tem uma vida melhor do que a minha?
Ao menos eles... não é?Perguntei a aquele jazigo carente.

Eu senti meu cheiro penetrar aquele cobertor como se penetrasse a carne fornicando com uma faca fria e dócil da minha língua.
Irei na igreja ver se "eles" me ajudam a solucionar este passatempo que tenho resolvido todos os dias.
Não, acho que assaltarei a caixinha para comprar uma tevê, cigarros ou uma revista pornô
de sexo selvagem de zebras com listras horizontais guatemaltecas.
É eu tenho problemas com listras verticais e daí?

São exatamente quatro e vinte.
Sabe-se lá do que está falando.
Alguém está falando, será quem é?
Pela lógica, alguém em um raio de 600 m² está falando algo...

Eles não calam, eu não calo e você lendo palavras, porque seu sangue flui?
Adormeci, acordei e adormeci sobre o efeito de cordas batendo.

Ela gritava: "Traga-o aqui e deixe soluçar"!
Eu não lembro de mais nada além de minha caixa de sapatos, aquela mesmo embaixo da sua cama, bonita e quente, enquanto a minha, não é?
Choro todas as noites antes de dormir, porque sei que não tranquei o diário.

Quando percebi, o cachorro da vizinha me lambia meu cigarro, enquanto ele cheira urina em postes eu cheiro meus dedos.
Percebi que o líquido escorregadio, amargo e negro se esvai do mesmo sabor que entrou.
Não há nada do que temer se está em negro.Espero as sombras dormirem e espreito elas vigiando o sono de luz de ambas.
Espero as sombras acordarem e junto suas lâminas como se fossem pétalas.
Eu apenas olho, enxergo e não consigo ver a fumaça seduzir as janelas como se fossem amantes de si mesmas.
Eu espero os sinais irem, voltarem e oscilarem, sem respostas desta vez.
Eu vago entre quartos e brinco com os fantasmas de pele polida e atroz como um vento sadio e ensandecido.

Ando cortando/fatiando as minhas cordas como se fossem correntes, aprendi com os ratos.
Deixo o aquecedor ligado só para poder sentir frio.

Ando cozinhando pedras para o almoço, afinal é a única refeição do dia, com a qual tenho de conviver e enfrentar a mim mesmo.
Será sempre "eu versus eu"!

Ela não leva o lixo para fora.
Não importa se tenho botões para coser ou não.
Não se importe com o que tenho a escrever, desde de que seja arremessado ao mar em uma ótima oportunidade possível. Ou, em uma tempestade de areia.
Uma carta de baralho chega sem remetente pelo telégrafo dizendo: "...não se importe, porque você não é importante..."
E assim, mais uma vez eu desligo o rádio em busca de um "alô", no fim do mundo, residindo em um oceano único pós fim do mundo.

Porque Deus, me deixou sobreviver?
Porque não carrega minha carne podre para dentro daquela porta colada na parede?
Se sou apenas 72 quilos de carne, porque não deixa meu espírito cair do vale das sombras?

Após a morte serei apenas, um vulto, não quero morar em espelhos, nem me enforcar mil vezes debaixo de pontes ou habitar um guarda roupas vazio...

O despertador abre sua voz, me acordando em um acordo de descanso e descaso material.
Durmo por cima de um papelão sujo de óleo já cozido...


Na maioria das vezes me transformo em uma chave cega, cerrada/limada para não abrir.Moldada para não abrir e nem fechar ...


Sabe aquela vez que fui comprar giletes mastigáveis para saciar sua sede?

Ela passou e sorriu pela primeira vez e única, deveria ter ido atrás e ter a avisado que ela deixou cair a minha insignificância insignificante a tornou algo que eu quis dentro de mim!

Há dias, melhores noites, que volto a dormir em minhas roupas velhas, sujas e envidraçadas!Como espelhos dentro de um vidro cheio de vidro, como penas dentro de um travesseiro! Eu alimento meu próprio abutre dentro do meu peito, gostaria que pintasse minhas penas de negro, poderia?

Sabe aquelas horas que você se sente enganado pelo tempo? Roubado pelos minutos?Assassinado pelos segundos? E desaparecido de si mesmo há dias?

Eu versus eu ." It's you versus you versus you!" ( versus de: Mother's day's - Nada surf ). Na maioria das vezes acredito que eu seja meu pior inimigo! Tudo irá melhorar, irá sim...

Caminhei nos mesmos lugares, percorri as mesmas ruas, andei pelos mesmos meio fios com o mesmo sapato, mais eu mesmo, não era eu não!

Não sou mais eu, há muito tempo! Sem mentiras, sem respirar, sem se levantar, sem se permitir, sem ansiedades! Sem ir! Sem mesmo ir...

Um sol cor urina, uma bolsa gelatina, um flanco usado e alguns trocos furados.


Três manchas de óleo no asfalto: Suas lágrimas soam escorregadias por demais tão mentirosas. Tão densas de si como um concreto cru mal lapidado após a era.

Acorrentada nos riscos dos dentes banhados em salivas matinais esquecidas. Colas cocaínicas da aquarela cafeína me devolvam minha dor, por favor.

Vergonha nas roupas espalhadas, manchadas de pus enlameados de vidro.

Porque torna a mentir quando amanhece todos os dias na escuridão?

Porque a timbragem adúltera de suas unhas rasgadas cheiram a carvão? Pelas penas negras que colo em teu dorso admirando- pela beleza de saber mentir.

e então uma pedra escrita dizia: "continue...

Observação: a continuação do texto estará sempre grifada na cor amarelo, ok?Então será a nova postagem, como um diário! Entenderam? Dúvidas sobre as peças do motor liguem: stonepain@gmail.com