domingo, 22 de junho de 2008

Bilhete de trem de uma única passagem apenas








Alguns dias atrás...



Vendi meu único bilhete de loteria falso.
Comprei aquela passagem de trem para ir ao inferno de seu jardim.
Emprestei aqueles livros de páginas mudas, tão surdas quanto aquele velho aparelho de surdez que não se cala.

Sob aquele banco da praça, pude ver seu ardor andar em um caminhar sufocante tão quente como a vodka que alimenta escorrendo minha garganta boca afora.

Não vou ceder à única parte do tapete que durmo agora.
Há dias que sinto teu cheiro por detrás da cortina.
Meus sonhos agora têm trilha sonora engordurada.
Naquela velha moldura eu colori minha única esperança letal.

De longe, eu vejo a morte beijar as nuvens.
Não queria lhe dizer, mais que graça há em sua vida de fingir que respira?
Que amor, se compras com sorrisos amarelados, faces de boneca prateadas cuidadosamente maquiadas, e uma pele tão impura quanto seus dedos revelam sobre ti?

Alguns dias atrás... A única coisa que me alimentaria “Mãe”, era sua candura em me dar o único bilhete de esperança que a senhora tinha.

7 comentários:

Anônimo disse...

Final revelador.
' mais que graça há em sua vida de fingir que respira?'



Saudaddes....

Unknown disse...

Eu confesso, vc também me 'espanta'(num tom de admiração) com seus versos inteiros, sua poesia. E me faz dar meia volta e ler de novo todas as linhas.

BeijOs

Anônimo disse...

cara, muito bom esse texto, forte...abraco

Daniely disse...

Já pensou em musicar seus textos?

adoro teu blog\0/

Anônimo disse...

Confesso que vi. Num dia enevoado, entre os peixes. Dos romances pouco guardo
uma flor ali outro cereal acolá
capítulos apaladados
outras sentiduras
e pouco mais

desprefiro-os na plenitude
estética, mas estática
do seu fulgor

já não respiro paciência

a sapiência tacteio na tecitura onanista da poesia
onde um cavalo joga sueca na areia
e édipo não tem complexos mas amplexos
no rever auto-irónico do fantasma que ainda sofre
entre a arquitectura esfíngica dos vôos das vagens
e no éden gaseificado das virgens entre as gotas de sal

ruborizam-se as dores das árvores
quando as saúdam com prémios
e os números calcificados duma praia
lambem os cotos duma off-shore qualquer

guitarras e fogueiras pedem-se em casadesmento
e as aves grevistas últimaceiam ventosas humanas


Narram os escritores romanceadamente trabalhosos
ósculos sem lábios e cavaletes sem barro
definições indefinidas.

e fazem bem.

e fazem-no bem.


eu ?


eu prefiro as jangadas utópicas da desconstrução

ao que busco no saber

responde um espelho:

mim disse...

Nossa!! muito massa isso daria umas letras de música incriveis

Anônimo disse...

versos, ou melhor, linhas que me agradam...
como esse seu modo, talvez, obscuro, de representar, tu consegue uma platéia que fica estática, se afogando em seu prazer...
ah, resumindo, Gostei de seus textos...
ou poesias...
ou músicas...
melhor, que seja o que cada um quer...
(x