domingo, 22 de junho de 2008

Bilhete de trem de uma única passagem apenas








Alguns dias atrás...



Vendi meu único bilhete de loteria falso.
Comprei aquela passagem de trem para ir ao inferno de seu jardim.
Emprestei aqueles livros de páginas mudas, tão surdas quanto aquele velho aparelho de surdez que não se cala.

Sob aquele banco da praça, pude ver seu ardor andar em um caminhar sufocante tão quente como a vodka que alimenta escorrendo minha garganta boca afora.

Não vou ceder à única parte do tapete que durmo agora.
Há dias que sinto teu cheiro por detrás da cortina.
Meus sonhos agora têm trilha sonora engordurada.
Naquela velha moldura eu colori minha única esperança letal.

De longe, eu vejo a morte beijar as nuvens.
Não queria lhe dizer, mais que graça há em sua vida de fingir que respira?
Que amor, se compras com sorrisos amarelados, faces de boneca prateadas cuidadosamente maquiadas, e uma pele tão impura quanto seus dedos revelam sobre ti?

Alguns dias atrás... A única coisa que me alimentaria “Mãe”, era sua candura em me dar o único bilhete de esperança que a senhora tinha.

domingo, 15 de junho de 2008

Vaselina





São tão belas suas linhas cherie!
E é gratificante enxergar você navegar.



Minha pele é teu dilúvio por agora.
Quero penetrar cada poro teu, como uma agulha penetra a epiderme, vagarosamente!

Uma máquina de datilografar velha, eu levarei em seu suspiro tenso e pesado.
Caminharei em teus traços íntimos até suavizá-los em meu leito.

Tão jovem e tão ketamina* no relaxar abaixo do meu corpo.
Se exasperar encontrará logo o que procura neste meu sabor só teu.

De curvas salgadas, doces e molhadas, faça o que for para ser feito para sentir teu coração latejar sob certas camadas de pele.

Como uma luz incessante oscilando, está teu cheiro lá fora.
Como em uma rua molhada, pós chuva ácida, vazia, suja e amável está tua endorfina* mademoseille.

Tuas curvas dilaceradas, nuas, obesas de prazer adulterado pela sua dor perdida.Deixe as roupas banharem você como uma lupa admira a cor solta, paralela adormecer sua ferida que nunca secará.

Sempre checarei seu medo ir ás compras feliz, como um tolo deve ser embalado para o natal.
Me diz que não excita ouvir você implorar para eu admitir que nunca venderei isto sem ser para você?

Diz-me que não excita ouvir você gritar nua em pelos raspados, no meio da avenida que está louca reprovada só porque eu sempre peco?

Sussurre-me que picotou com um picador de gelos todas tuas roupas invisíveis, só para eu assassinar esta boca que nunca cala, nem lendo isto babe?

Como cocaína*, cafeína, serotonina*, metadona* e codéina* corte meus braços com tuas unhas e beije o doce caos que me provoca em desespero louco e prostituído em ser somente teu minha dama.

Hoje eu pude comprar, alugar aquele cartão de "São Valentin" para te ver sorrir rangida mente por baixo da vitrine de vidro!

ketamina*
nomes de Rua: K, special K
A ketamina é um poderoso anestésico dissociativo que se encontra sob a forma de pó branco, líquido ou tablete e que é consumido por via oral, inalada ou injectada. A sua posse não é ilegal, dado que é prescrita por médicos.
A K ou special K, como é chamada pelos seus consumidores, é uma droga psicadélica derivada da fenciclidina. Parece deprimir selectivamente a função normal de associação do córtex e tálamo, aumentando a actividade do sistema límbico e produzindo um efeito analgésico e amnésico.


endorfina* é um neurotransmissor, assim como a noradrenalina, a acetilcolina e a dopamina, é uma substância química utilizada pelos neurônios na comunicação do sistema nervoso e também um hormônio, uma substância química que, transportada pelo sangue, faz comunicação com outras células. Sua denominação se origina das palavras "endo" (interno) e "morfina" (analgésico).


cocaína* ou benzoilmetilecgonina é uma droga alcalóide, derivada do arbusto Erythroxylum coca Lamarck, estimulante com alto poder de causar dependência. A Erythroxylum coca possui gineceu constituído de três carpelos, cálice de cinco sépalas e corola de cinco pétalas. As folhas são alternadas, elípticas e pecioladas.
O seu consumo crônico leva a grande aceleração do envelhecimento e profundos danos cerebrais irreversíveis, entre outros problemas de saúde.


serotonina* desempenha um importante papel no sistema nervoso, com diversas funções, como a liberação de alguns hormônios, a regulação do sono, da temperatura corporal, do apetite, do humor, da atividade motora e das funções cognitivas.
Essa substância é responsável por melhorar o humor, causando uma sensação de bem-estar. Já a sua falta tem sido relacionada a doenças graves, como mal de Parkinson, distonia neuromuscular e tremores. Depressão, ansiedade, comportamento compulsivo, agressividade, problemas afetivos e aumento do desejo de ingerir doces e carboidratos também foram relacionados a ela.


metadona* é um
fármaco narcótico do grupo dos opióides utilizado principalmente no tratamento dos tóxicodependentes de heroína e outros opióides.
A metadona é praticamente idêntica nas suas propriedades à morfina (veja esta página para detalhes), agindo nos mesmos receptores e com os mesmos efeitos. Não é geralmente usada no combate à dor, excepto em países pobres ou por doentes pobres em países sem sistema nacional de saúde como os EUA, já que é muito mais barata que outros opióides. Diferenças importantes incluem maior duração de acção (24h contra 8h da morfina e menos ainda da heroína) e síndrome de abstinência física mais leve, mas mais prolongado. Além disso o facto de não ser injectada mas consumida via oral, evita sintomas de grande prazer súbito que ocorrem com a heroína, o que ajuda a vencer a dependência psicológica.


codeína*, é um alcalóide natural (opiáceo natural) que compõe o ópio. O ziprepol é uma substância sintética (opióide), isto é, fabricada em laboratório.
Indicadas para tosses irritativas e sem expectoração (tosse seca), são chamadas de substâncias antitussígenas, estando presentes em xaropes e gotas para tosse como, por exemplo: Belacodid, Gotas Binelli, Tussaveto etc. Os métodos usuais de administração são oral ou endovenoso. A duração do efeito é de 3 a 6 horas.
A codeína é um narcótico de origem natural mais amplamente empregado na clínica médica. Mesmo sendo menos potente que outros opiáceos, seu uso continuado induz a certa tolerância.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Olhe ao redor e acredite que deslizei em você . Look away and believe that I slid in you




Ao emaranhar os fios de alta tensão percebi que deixei a boca escorregar até a minha.
(deixei a boca escorrer até a minha)

Caminho até a janela, admirando as linhas que existem cegas até que...

Um sol cor urina propaga neste momento.

Arrasto as palmas dos pés numa dança incessante na areia quente até que você entenda que estou digitando um código que só você lê!
Eu gritei que roubaria a ladra de corações colados.

É tudo excedido em meus líquidos acesos.
Por mais que eu fume, por mais que a chama não cesse, os insetos não deixam de irem contra o vidro apagado!

(digite o que quer ler aqui)

Ao Som de: On a Hill - Drif Effect e Glide – Stone Temple Pilot’s

Deixe me desleixar...













*relato de uma história em uma cidade inabitável,
numa tarde quente e fria...
pude me refrescar com brisas quentes e leves..


Me alojei e pedi um café, velho por favor.

olhares cortaram e cortantes estavam em mim, todo naquele momento.
meu corpo denunciava a carência de afeto pós metropólis.


fique fora, disse a mim mesmo.
o café veio com sua cor não muito saudável...
um olhar antes do primeiro gole escorregar minhas entranhas estranhas.

ouvi de longe, mais ouvi sim, um tilintar de copos estilhaçarem o vidro pesadamente contra o quê?
Solo, chão...

Aonde eu me deitaria com ela... Sobre ou sob, acima sete palmos.

Em meio aos meus delírios translúcidos...
Ouvi um baque forte vindo do wc masculino, em meio a uma poça de vomito e gritos, um senhor velho e esguio sentia seu café sujo e oleoso escorrer por entre a face acalentado no chão xadrez do café "sophie”.
Quando notei a bela dama de sorriso vanilla, se desapareceu em meio ao vão de fumaça humana derretida por bílis, como sempre fico cego com gritos, ouvi apenas o tilintar do sino de entrada da porta do café, em uma esperança vaga apenas olhei pra sua mesa abandonada e pude enxergar uma bolsa de mão e um bilhete sujo untado com óleo vanilla...

Antes de perceber minha queda inevitável ao meu brinquedo negro liquido...

O bilhete dizia: Saia sem erro, o efeito não terminará, abra a porta que abri e atenda o telefone do outro lado da rua, não questione, atenda-o!

Percebi então que não havia como atender prontamente o pedido, mergulhei em mim mesmo, e pude ver que o “efeito” era o mesmo massivamente mencionado, fui acudido pelo ar vazio e gorduroso do solo, aonde acariciei-o com mãos e corpo debruçado prontamente a pedido do ... Qual mesmo o nome do... Termo que causa algo?

Minutos depois estava confortavelmente coberto por olhos, óleo, cafeína e endorfina incertamente adicionada ao meu gorduroso café supostamente amargo, quando uma voz feminina por trás do avental atreveu-se a perguntar algo tão sólido: Como o senhor chegou ao chão tão rápido? (pensei eu em responder – peguei um trem atrasado moça e desde então estou dormindo nessa lanchonete há 3 minutos).

Apenas murmurei: Foi o café moça que me causou tudo isso. E os olhos ainda continuavam me prendendo em sua retina costumeiramente facilitada a ajudar a óptica ilusionária que me causava o momento.

Me restabeleci com o cheiro ainda plausível do local, juntei forças e tudo até então havia desaparecido, o velho, o bilhete, meu pudor e toda minha memória entrou em contradição maciça se era mesmo tudo aquilo apenas uma vertigem de um dia estranho, acostumado sempre a ter dias calmos como o único motivo para sair de casa numa tempestade de areia andrógina.

Agarrei minha dor ao chão, respirei fundo, e então pedi a moça que ajudasse a levantar com um sonoro: Por favor! E depois de uma oferta insistentemente pecadora de um café fresco recusada, me deixaram ir de encontro ao que a partir do "que e nem da onde eu não me lembraria..."

Colocando a mão na face como um gesto de tentando me lembrar me indaguei: E então aonde estava o tal bilhete*(certamente ele nunca chegou a existir) sabor e cheiro baunilha gordurosamente belo, e escrito? ...





Atravessei a rua e um velho telefone público tocava sem parar, fazia quatro longos minutos.

As gotas da chuva me lambiam a face, beijando-a como peso de papel fresco pela manhã.

Não conseguia enxergar nada além de um som internamente (infernalmente) ruidoso que escapava por entre as frestas frágeis frias do meu corpo e do dorso do telefone incessante.

Estou enfeitando (infestando) meus pêlos desde a última quando antes de dormir.

Ao cruzar a rua deserta, vazia tenra, não havia nada para me impedir de chegar ao outro lado, a não ser o vento frio e molhado, caminhar contra o vento e fumar não é comigo mesmo – pensei.
Enfim...atendi o incessante telefone, com os pés cheio de lama do banco sujo, vazio e absurdo da praça próxima a sua casa; então tudo parou, só pude ouvir a voz dizer: É você que arranha minhas pedras expostas ao sol tentando contorná-las com azul anil?















Continua...